sábado, 27 de junho de 2009

A quem parte

À amiga, que, mesmo longe, estará sempre conosco:

A amiga
Numa tarde de sábado
Preparava um bolo
E sorria a vida.

Agora
Seus ingredientes são outros:
Ela é a própria matéria.
E, pela primeira vez descompassada, ela nos deixa,
ainda sim, para celebrar a eterna vida.
Saudades eternas do seu amigo.

Quando se sente

Quando as páginas estiverem todas preenchidas não significa que a história já teminou, mas sim que continua em outras páginas de outros livros. É a vida completando outra vida.
Mas, sem deixarmos de ser nós próprios, permanecemos. Porém, com o tempero do outro.

À poesia, paradigma do amor, temos vários verbos:


- Enxergar (mirar)
- Ad-mirar
- Abrir-se (Maravilhar-se)
- Cultivar
- Habitar
- Cultuar

Então temos o amado como:


- o Mirado
- o Ad-mirado
- a Doação (a Maravilha)
- o Cuidado
- a Morada
- o Divino

Tudo começa na visão de um sentidor...(Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do tamanho da minha altura.)
E acaba na emoção do sentente: como se fôssemos dois em um...
Como se fôssemos a
metáfora do acontecer.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Ao amor


Já que estamos em pleno dia dos namorados, nada mais belo do que declararmos nosso amor.
A paixão está aí, meus caros!


Retifico: nós somos a paixão, meus caros!


Nem me venham dizer que não amam.


A todo tempo estamos apaixonados; o que acontece é que às vezes não queremos acreditar nisto.


Não me digam que isto é mentira. Já que o ser humano é um ser apaixonável.


Cada qual com suas características, em distribuição complementar, torna-se amante e amado.


O que falta também é coragem de dizer: "Amo!"


De assumir: "Quero!"


Mas o silêncio, provocador de milagres - este sim - é o pior dos amigos. Ao mesmo tempo em que nos omite, nos denuncia.


Mas há algo de mal em amar? Se houver, desconheço. Peço aos mais chegados para me revelarem, caso haja.


O que pode acontecer, no máximo, é o fim do amor. E aí... É difícil, parece que nossa roupa caiu melhor no outro do que em nós e, o pior, mesmo suja, rasgada, ainda lhe cabe bem. Aí, nos dá uma ponta de inveja (ou admiração). A qualquer momento, então, a queremos tomar de volta.


Amor é imenso... Mesmo no fim, não se esgota.


Pode parecer um paradoxo... Leiam com atenção! Volte ao início, reflita!


Após refletir bastante, chegamos ao toque essencial, à manifestação do amor em nós. Inconscientemente, sabemos que nos abrimos a alguém para habitarmos e sermos habitado. Assim, conjuga-se o amor em todos os tempos e pessoas.


O amor é tão universal que sempre estará presente, manifestado, já que é a natureza de todo acontecer, de todo existir, de todo ser.

Por isso:

Am-e


Am-es


Am-e


Am-emos


Am-eis


Am-ém!

domingo, 17 de maio de 2009

Construção

Somos fatos reais, ou somos o real em construção, o sendo? Está latente em nós não-sermos, ou seja, podermos vir a sermos outros sem deixarmos de sermos nós mesmos?

Será que conseguirei entender esta grande questão de que é ser ou não-ser?

Prefiro ater-me à poética que à retórica.
Pois então, quem não é um poeta? Quem não acontece enquanto ser homem e humano, sagrado e profano?

Aquele que não representa, o que é? Somos criações criadoras, por isso sermos obras de arte enquanto eterna criação. Quando estaremos acabados? Quando vida não mais nos couber?

Mesmo em morte, somos vida. Vida enquanto memória.

E mesmo após muitas gerações vindouras, estaremos presentes potencialmente nas aprendizagens dos que nos descenderão. E as questões sem serem respondidas, sem serem consumadas, ainda nos farão, mesmo não nessa ordinariedade, mas sim num acontecer poético (que na realidade é o verdadeiro milagre), permancer mesmo que mudemos sem que existamos mais.

Se nada disso acontecer, não haverá realidade.

domingo, 10 de maio de 2009

“Trouxeste a chave?”

Os (des-)caminhos da vida são conhecidos como portas.
E isto lembra-me um trecho do Manual de conservar caminhos de Paulo Coelho:
O caminho começa em uma encruzilhada. Ali você pode parar e pensar em que direção seguir. Mas não fique muito tempo pensando ou nunca sairá do lugar (...) Reflita bastante sobre as escolhas que estão adiante, mas, uma vez dado o primeiro passo, esqueça definitivamente a encruzilhada, ou sempre ficará sendo torturado pela seguinte pergunta: ‘Será que escolhi o caminho certo?’ Se você escutou seu coração antes de fazer o primeiro movimento, você escolheu o caminho certo.
Pode até parecer coisa de romântico, mas que não pareça, -que seja a maior verdade: O amor é a chave! Ele é o dom que nos leva ao destino (apropriar-nos do que nos é próprio).

Caminhe!
Escolha!
Ame!